quinta-feira, 30 de abril de 2009

Livro...Papel...Palavra...


O que faz uma pessoa comprar um livro nos dias de hoje, em que as bibliotecas online com permissão para downloads proliferam e a pessoa pode descarregar os livros que quiser livre e gratuitamente?

A resposta reside na experiência da surpresa que nos traz um lugar, e que difere bastante do tipo de surpresa que nos faz experienciar a internet. Os dois ambientes têm o seu lugar, mas não se substituem, embora o lugar se tenha que adaptar à existência da rede e procurar diferenciar-se.

A rede funciona por janelas que se sobrepõem exigindo do usuário um GPS cerebral que lhe permita partir à descoberta sem se perder do seu objectivo inicial (de outra forma, conduz à navegação caótica e inconsequente). Por seu lado, o Lugar funciona com janelas que, em vez de se sobreporem, se encadeiam temporalmente – a segunda só se abre quando a primeira se fecha, e assim sucessivamente.

A isto se acrescenta o factor humano e, já sabemos, onde houver um ou mais Homens nunca se poderá controlar totalmente um caminho. Por isso, no lugar é inútil o GPS, porque o caminho nunca será a estrada, mas sim o atalho que os passos do homem rasgaram na relva.

Uma metáfora para dizer que o objeto em papel que tanto se discute agora como obsoleto nunca o será, já que passará a valer não só pela história que leva dentro, mas sobretudo pela história da experiência de o ver, deixar-se seduzir e escolher ou ainda… encontrar o autor por acaso e conversar ou levar para casa uma dedicatória. A Internet jamais substituirá a magia do imprevisto que surge de uma pessoa na presença de outra.

Hoje, comprei um livro…

Texto disponível em: www.breadandroses.wordpress.com

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